Introdução
A paralisia cerebral (PC) foi caracterizada como um grupo de distúrbios e alterações no desenvolvimento da atividade e da postura, decorrentes de uma lesão não progressiva durante o desenvolvimento fetal ou infantil 1. Uma criança com PC apresenta alterações que varia desde leve incoordenação dos movimentos uma maneira de diferente de andar, ou até inabilidade para segurar um objeto, falar, ou deglutir 2, sendo que estas disfunções sensório-motoras caracterizam-se pela falta de controle sobre os movimentos por modificações adaptativas do comprometimento muscular resultando em alguns casos até deformidades óssea3. Além disso Estas alterações modificam o desenvolvimento e o mecanismo do controle postural normal (MCPN)2.
A incidência da PC nos países subdesenvolvido é maior que nos países desenvolvido devido à falta de acesso a serviços adequados de saúde tanto no período pré-natal quanto o período Peri e pós-natal, aumentando os índices de paralisia cerebral em crianças com baixo peso e prematuridades ocorrendo em torno de 19%.
No Brasil dados estima cerca de 30.000 a 40.000 mil novos casos por ano. 4 A classificação das encefalopatias da infância pode ser feito de várias formas enfatizando o momento da lesão, o local, etiologia, sintomalogia ou distribuição topográfica priorizando uma classificação baseado em aspectos anatômicos e clínicos por ser mais didáticos e por dar ênfase aos sintomas motor que é o elemento principal do quadro clinico.
Os tipos de PC pode-se dar em: espástica ou piramidais, coreoatetóide ou extrapiramidais, atáxicas e mista. A forma mais comum a espástica ou piramidal que promove um quadro de distúrbios que afeta o membro de forma bilateral sendo mais prevalente nos membros inferiores que apresenta diminuição da amplitude de movimento nas articulações resultando em contraturas musculares, e alterações que retardam o desenvolvimento, uma das principais é o tônus muscular que pode esta hipertônico ou hipotônico5.
A paralisia cerebral engloba várias dificuldades da vida diária de uma criança e resulta certo grau de limitações motoras e complicações sensitivas e cognitivas, que exige uma abordagem multidisciplinar capaz de intervir de modo fisioterapêutico ao longo da vida desses pacientes com esta patologia. Existem vários métodos de tratamento fisioterapêuticos usados na reabilitação motora de crianças com PC, o "facilitação neuro proprioceptivo(FNP), utilizando diagonais do kabat," Hidroterapia, Therasuit e o Bobath. Os recursos utilizados no tratamento de PC visa minimizar as consequências e promover a Máxima função possível ao utilizar várias técnicas para melhorar seu desempenho nas suas atividades de vida diárias (AVDS)4. Onde haverá melhora da força, da flexibilidade, da amplitude de movimento (ADM), dos padrões, e em geral, das capacidades motoras básicas para a mobilidade funcional6. Cada paciente tem sua necessidade individual, e o tratamento depende da avaliação do paciente.
O método Bobath foi desenvolvido durante a década de 1950 e tem se mantido atual ao longo dos anos, em função de sua dinâmica capacidade de adaptação frente ás novas bases neurocientificas7. O conceito de facilitação motora baseia em dois princípios: a inibição ou supressão das atividades Tônica e reflexa anormal responsável pelos padrões de hipertonia e a facilitação das reações normais é altamente integradas de retificação e equilíbrio em sua própria sequência de desenvolvimento, com progressão para atividade especializada8.
O Bobath é utilizado para contribuir na reabilitação de crianças com PC. Logo abordagem fisioterapêutica na PC tem o objetivo de preparar a criança para uma função manter ou aprimorar os já existentes9. Assim como, diminuir as sequelas da patologia e proporcionar maior grau de independência em suas atividades. Quanto mais precoce a ação para proteger ou estimular o sistema nervoso central melhor será a resposta e o prognostico do indivíduo, quanto antes diagnostico e o tratamento, maior eficácia terá o trabalho reabilitador, Voltado a prevenir deformidades musculoesqueléticas e estimular o desenvolvimento e habilidades motoras10.
Desse modo, os objetivos desse estudo é Identificar a contribuição do método Bobath no tratamento, apontar as principais técnicas, eficácia e seus benefícios em criança com PC, e relatar as principais consequências neurológicas em criança com PC.
Revisão de literatura
Este presente estudo constitui-se uma revisão de literatura, especializada, no qual foram pesquisados artigos publicados entre anos 2004 a 2016 mais relevantes para o presente estudo, somente publicações de língua portuguesa e inglês. A busca foi realizada no período de agosto de 2016 a novembro do mesmo ano, os artigos foram encontrados no banco de dados online: Scielo, Pubmed, Lilacs e PEDro, utilizando palavras chaves na busca foram: paralisia cerebral, método Bobath como tratamento e as principais técnicas e benefícios.
Os critérios de inclusão para o estudo, foram artigos que abordava somente tratamento fisioterapêuticos com base no método Bobath na PC. Foram excluídos artigos incompletos e que empregava outras modalidades de estudos de PC. Logo em seguida buscou-se a estudar e compreender as principais técnicas empregadas no estudo referido com base para apresentação teórica da técnica Bobath como recurso fisioterapêutico na PC.
O método Bobath tem apresentado efeitos benéficos no tratamento da PC visando na restauração dos movimentos normais e eliminação de movimentos anormais, baseado na inibição dos reflexos primitivos padrões patológicos de movimento11, diminuir as sequelas da patologia e proporcionar maior grau de independência em suas atividades. Quanto as vantagens do Bobath no tratamento de criança com PC, tem como finalidade incentivar e aumentar as habilidades da criança de move-se funcionalmente de maneira mais coordenada possível8. Com os estímulos de transferência de peso, tais como exercícios em bola suíça, rolos, andadores, entre outros, o paciente aprende a obter um maior controle proprioceptivo e noção espacial. Além do paciente recebe experiências sensórias motora de movimento básicos como: rolar, senta, engatinhar e andar, e também de atividade de rotina diária como banho, alimentar-se, vestir-se, locomover-se em diversos ambientes entre outros, que pela repetição e integração em sua AVDS geram o aprendizado motor e, posteriormente automatismo11. A fase de estimulação inicia a partir do momento que o tônus foi inibido ou estimulado partindo para o normal.
As técnicas de inibição e facilitação são guiadas pelo o fisioterapeuta através dos postos-chave pelas quais o manuseio influencia o seguimento à distância mais proximais que são: cabeça, esterno, o ombro e o quadril, os pontos mais distais são o cotovelo, punho, joelho, e Tornozelo. Com a estimulação aumenta o tônus postural e regula a ação conjunta dos músculos agonistas, antagonistas e sinegistas. A técnica transferência de peso causa pressão e recrutamento de unidades motoras, além de ser papel fundamental em liberar os outros seguimentos que não estão sustentando peso para que executem movimento 12.
Outras técnica podem ser utilizada o Placing, holding e tapping que divide em quatros tipos: inibição, pressão, deslizamento e alternado. Sendo que facilitação do movimento podem ser promovida em conjuntos, ou simultaneamente, durante o manuseio do paciente 12. O objetivo e aumentar o tônus postural pelo estimulo tátil e proprioceptivo ativo, grupos musculares fracos, alcançar graduação, adequada da inervação recíproca, estimula as reações de equilíbrio, proteção e retificação e promover padrões sinergéticos de movimentos, que consiste em pequenas batidas sobre o segmentos do corpo e provocar uma estimulação tátil e proprioceptivo, ou uma contração do musculo que possibilite o movimento de estabilidade, e possibilitar a manutenção automática de uma posição desejada12.
Nesta seção apresentam-se os resultados de alguns estudos que utilizaram o método Bobath em intervenção em pacientes com PC, e relataram que a intervenção tem grandes relevâncias neurofisiológicas que influenciam os mecanismos da plasticidade neural.
Discussão
De acordo com os dados estudados observou-se que o método Bobath retratados por Sá CSC13, mostrou em uma avaliação que as crianças com PC espástica diparéticas apresentaram mudanças motoras, sensoriais e cognitivas após intervenções fisioterapêuticas mudanças cognitivas mais evidentes do grupo Bobath que o kabat. Em um estudo Medeiros14, ao utilizar a Bola Suíça e Brinquedos mostrou em sua pesquisa que, a criança que recebe atendimento fisioterapêutico 5 vezes por semana na instituição da APAE do município de Tubarão/SC, constatou os benefícios a criança, no Mecanismo do Controle Postural Normal, melhora nos movimentos motores, aumentando assim a qualidade das funções, controle nas reações de retificação, equilíbrio e proteção, observados principalmente durante as aquisições das posturas sentadas, de gatas e de pé, antes não executadas pela paciente.
Palácio, SAF 15, demonstrou em sua pesquisa realizada com 1 crianças que foi submetida ao tratamento obteve um progresso significativo na função motora grossa dos pacientes tratados. Além de comprovar a eficácia do método Bobath e a necessidade de aplicação intensiva do tratamento.
De acordo com Peres, et al16, seguindo com o padrão corroborou com Palácio, SAF que ao avaliar o tônus, força muscular e as atividades funcionais e dinâmicas com crianças cujo a técnica Bobath, auxilia mudanças nos componentes posturais e movimentos anormais. Brianeze, ACGS 17, explica através de um estudo sobre o efeito de um programa de fisioterapia associado a orientação aos pais/ e o cuidador nas habilidades funcionais de crianças com PC com base no Bobath favorecendo o desempenho das habilidades funcionais e o aumento do nível de independência das crianças com PC.
De acordo com ASC Ávila18, foi observado o progresso no desenvolvimento neuropsicomotor do paciente, mostrando melhora nas atividades funcionais, no equilíbrio e na espasticidade reduzida. Os exercícios para controle de cabeça e tronco são muito importantes para crianças hipotônicas, pois auxiliam a desenvolver força muscular e equilíbrio, favorecendo os padrões motores mais normais.
Conclusão
Evidenciou-se nos estudos realizados por diversos autores que o Método Bobath é de extrema necessidade no tratamento de crianças com paralisia cerebral, pois com esta técnica é possível melhorar e manter o desenvolvimento psicomotor da criança, assim trazendo uma melhor qualidade de vida ao paciente. A técnica é eficaz e fundamental pois além de promover o potencial Máximo da criança portadora, facilita a aquisição de etapas no desenvolvimento motor, suas possibilidades de interação com seu cotidiano, melhorando sua capacidade funcional diária.
É possível concluir também para que se realize um bom trabalho de reabilitação infantil é imprescindível que o profissional tenha um bom nível de conhecimento do desenvolvimento motor normal, a fim de que, ao deparar-se com as alterações tônico-motoras apresentadas pela criança acometida, possa conseguir reconhecer precocemente a lesão, interferindo nas mesmas, fazendo com que o processo de reabilitação transcorra de maneira eficiente visando um bom prognóstico. Considera-se a necessidade de mais pesquisas abrangentes sobre os benefícios e do método Bobath em as crianças que apresentam paralisia cerebral.
Referências
1- Bax,m. Aspectos cínicos da paralisia cerebral. FINNIE, N. O manuseio em casa com paralisia cerebral. São Paulo: Editora Manole.3° Ed. p.8-18, 2000.
2- Ratliffe,k.t. Fisioterapia: clínica pediátrica. São Paulo, Santos 2000.
3- Shepherd RB. Paralisia cerebral. in: Shepherd RB. Fisioterapia em pediatria. 3ªed.são Paulo Santos,1995,p.110-43.
4- Mancini, MC,Fiúza PM, Rabelo JM, Magalhães, LC Coelho ZAC,paixão ML,et al. Comparação do desempenho de atividade funcionais em crianças com desenvolvimento normal e crianças com paralisia cerebral Arq neuropsiquiatr.2002;60 (2B):446-52.
5- Rotta N. paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. Jornal de pediatria, Sociedade Brasileira de Pediatria 2002.
6- Leite, J.M.R.S.; prado, G.F.Paralisia cerebral: aspecto fisioterapêuticos e clínicos. Revista Neurociências, v.12, n. 1, 2004.
7- Pagnussat, Aline de Souza et al. Atividade eletromiográfica dos extensores de tronco durante manuseio pelo Método Neuroevolutivo Bobath. Fisioter. mov. Curitiba, v. 26, n. 4, p. 855-862, Dec. 2013 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.com.br Acesso em: 06 Maio 2016.
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10- Peixoto ES, Mazzitelli C. Avaliação dos principais déficits e proposta de tratamento da aquisição motora rolar na paralisia cerebral 2004;12.
11- Gusman, SA. Torre, CA. Habilitação e reabilitação. Fisioterapia aplicada em crianças com problemas neurológicos. In:Diament, A. & Cypel, S. (Eds. ), Neurologia infantil. São Paulo, SP:Atheneu, v.2,4ª edição 1753-1775.2010.
12- Ferreira L, Mejia M. Tratamento fisioterapêutico da paralisia cerebral: facilitação neuromuscular e conceito neuroevolutivo de Bobath. 2004.
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14- Silva, Monique A.; MEDEIROS, Fabiana D. A Utilização da bola suíça e brinquedos no mecanismo de controle postural normal: Um estudo de caso. Net, Santa Catarina, nov. 2006. UNISUL. Disponível em: Acesso em: 10 out. 2016.
15- Palácio, SAF et al. Análise do desempenho motor de uma criança com hemiparesia espástica pré e pós-tratamento fisioterapêutico. Cienc. Cuid. Saúde 7 (Suplem. 1): 127-131. 2008
16- Peres, WL, et al. Influência do conceito Neuroevolutivo Bobath no tônus e força Muscular e atividades funcionais estáticas e dinâmicas em pacientes diparéticos espásticos após paralisia cerebral. Saúde, Santa Maria, v. 35, nº 1,p.28-33, 2009.
17- Briazene, ACGS et al. Efeito de um programa de fisioterapia funcional em crianças com paralisia cerebral associada a orientações aos cuidadores: estudo preliminar. Fisioter. Pesqui., São Paulo , v. 16, n. 1, p. 40-45, Mar. 2009 . disponivel http://www.scielo.br/scielo.com.br Acesso em: 12 de out 2016.
18- Asc ávila, caqc rocha. Atuação fisioterapêutica em paciente com PC com tetraparesia espástica assimétrica: Um estudo de um caso. Revista Científica da FAMINAS, Minas Gerais, 2014.
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